O que é que eu faço?! Agora que tinhamos decidido ficar com ela... Se já custa entregar os animais quando estão apenas de passagem, quando os tomamos como nossos custa muito mais! E depois... será que a Zara reagirá bem a outra mudança?
sexta-feira, fevereiro 24, 2006
O que fazer?
O que é que eu faço?! Agora que tinhamos decidido ficar com ela... Se já custa entregar os animais quando estão apenas de passagem, quando os tomamos como nossos custa muito mais! E depois... será que a Zara reagirá bem a outra mudança?
Os primeiros dias
Após ter sido deixada à porta da Clínica, a Zara passou a noite de quinta-feira e o dia de sexta-feira numa sala da mesma Clínica. Foi-me pedido para a recolher, visto que todos os veterinários e empregados já têm muitos animais. Contaram-me a situação ("por alto") e eu não fui capaz de recusar... Pedi apenas para lhe fazerem testes Fiv e Felv, para que a pudesse juntar com os meus gatos (que deram negativos).
A Zara foi-me entregue na sexta-feira às 18h e 30m. Não comeu ou bebeu nada até sábado, quando a forcei a comer, dando-lhe ração triturada com uma seringa. Mas a Zara estava demasiado triste para comer. Passou todo o fim-de-semana a miar (altíssimo) de tristeza, e, à janela, procurava entre as pessoas que passavam. Mas não via o seu Dono. Miava à porta da rua, como quem pedia para a deixar partir, para a deixarmos ir ter com o seu Dono. A Zara estava a ficar extremamente deprimida, e tinha medo dos meus gatos.
A nossa prioridade era que a Zara comesse por si, de outra forma morreria. E não seria o primeiro animal a morrer de tristeza, de saudade...
E nós não conseguíamos dormir, porque a Zara chorava toda a noite.
Na terça-feira levei-a à clínica veterinária para ser observada. A Zara tinha um pouco de tosse, que se revelou apenas uma pequena inflamação na garganta. Voltamos com antibiótico e com um leve ansiolítico.
Na quarta-feira de manhã a Zara comeu um pouco de ração. Vivaaaaa!!!! Nesse mesmo dia quando voltei do trabalho, ela voltou a comer sozinha, e tem comido todos os dias desde então. Agora quase não chora de noite. Ou de dia. Já tolera os meus gatos, e até prefere ficar com eles, embora "grite" cada vez que um deles se aproxima dela.
Deixámos de procurar um dono para a Zara. Achamos que outra mudança poderá ter um efeito regressivo na Zara. E a Zara é agora mais um membro da nossa família.
Gostava de poder dizer ao seu Dono que ela está bem, que felizmente começou a comer e que vamos cuidar dela da melhor forma que sabemos, mas não tenho como. Por isso tento transmitir-lhe isso em pensamento, com a esperança que ele sinta, que ele saiba...
quarta-feira, fevereiro 22, 2006
A Carta - A vida é injusta...
Obrigada o meu dono adora-me e gosta de mim de verdade, vai ter saudades de mim para o resto da vida, mas não quer ter remorsos, por favor ajudem-me e Deus vos ajudará.
Obrigada e perdoem ao meu dono, mas ele tem confiança em vós.
Muito obrigada.
O meu dono manda este dinheiro, é pouco mas ele não pode mais.
Bem hajam
Senhores doutores e empregados daí.
Neste momento, ando constipada, e tenho tosse, e se calhar tenho dores nos ouvidos, como é às vezes. Gosto de dormir na gaiola com a porta aberta.
Obrigada.
Este santinho vai dar sorte à minha gata."
Zara
Não sei qual seria o seu nome antes. Eu chamo-lhe Zara.
A Zara foi deixada numa transportadora, à porta de uma clínica veterinária em Sassoeiros, na madrugada de quinta-feira (dia 16/02/2006).
Junto à transportadora, jazia um saco com duas caixas de Friskies, uma garrafinha de leite Wiskas e dois ratinhos de brincar.
Havia também um envelope. Nele, uma carta, um “santinho” e uma nota de 20€.